segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Internet: a gente te ama!

Pra "agregar valor ao blog", uma postagem sobre Alexander de Almeida - "o Rei do Camarote".

Desde o início de 2013, os mais variados assuntos já tiveram os seus 15 minutos de fama, o posto de Top Trends do Twitter, assunto mais compartilhado no Facebook ou centernas de Tumblr repercutindo o assunto.

Para comprovar como a internet ~ela é sem limites~ e pudores, lembro que já compartilhei desde assuntos tão pertinentes, como a tragédia em Santa Maria e o movimento #vemprarua, até assuntos como o da super matéria (que ainda não se tem certeza se é viral comercial ou não) publicada pela VejaSP.

A tal matéria é uma entrevista com Alexander de Almeida, o Rei do Camorote.
Confira a matéria na íntegra e a seguir o vídeo:


O vídeo até o momento desta postagem, em 04/11/2013, já teve mais de 1.200.000 visualizações.
Aguardo por infográficos com dados reais da repercussão do vídeo e, enquanto isso vou acompanhando as montagens, os gifs, tweets, paródias, páginas no Facebook (a com maior número de curtidas, no momento com + de 60mil), Tumblrs e grandes marcas aproveitando o buzz* para promover o 'momento camaradagem' do dia.

Matéria do AdNews registrou algumas ações de marcas. Confira aqui.

Ah, e não perca os "10 mandamentos do rei do camarote indie" rsrss

Para encerrar, vou postar algo "bem pesado, meu"



*“O buzz existe desde que as pessoas começaram a partilhar ideias. Trata-se do efeito boca a boca, da transferência de informação pelas redes sociais. Pode acontecer espontaneamente, sem o estímulo do homem de marketing ou de outra pessoa qualquer. [...] A chave de tudo é a autenticidade!” (O'REILLY, A.; MATATHIA, I. SALZMAN M. 2011. p. 8.)

sábado, 12 de outubro de 2013

Branding e os 4 Es de Marketing

Nesta postagem conhecemos alguns fatores determinantes para o crescimento do marketing no século XX e alguns cases, nesta postagem informações sobre os anos 50, 60 e 70, nesta conceitos e informações sobre os anos 80, e nesta a introdução do branding nas estratégias de marketing nos anos 90 e século XXI.

Seguem anotações finais sobre o que o autor define para o branding e estratégias atuais.

As finalidades de marketing e branding: vendas e valor.

"Revelar o verdadeiro valor de um serviço que sirva para necessidades/desejos do cliente.
"Quem quiser vender uma furadeira precisa compreender que ninguém compra uma furadeira e sim a possibilidade de fazer furos de determinados diâmetros". Portanto, é importante que se dê mais cuidados às brocas e aos diâmetros."

As vendas, o valor e a marca que é defendida pelo mais precioso cargo, devem ser fatores entendidos por todos da empresa.

Se a empresa não é líder, ela não deve se diferenciar pelo preço baixo e sim pela percepção da marca. Já que sabemos que reposicionar a marca é trabalho redobrado e em muitas das vezes ineficiente. Portanto, investir em publicidade pura e constante é um caminho válido.

As tarefas de marekting: os 4Ps

Servem para fazer e controlar fatores. Também são uma oportunidade de se diferenciar dos concorrentes ao exercê-los. O autor do livro mostrou que este conceito era geocêntrico.

  • Produto: é preciso uma estratégia, um mix ou um portfólio de produto competitivo.
  • Preço: ter o preço equivalente à média do mercado se o produto for superior e, assim, ter a melhor relação custo x benefício.
Lauterborn: "Sua empresa não pode mais fazer o preço baseado em custo e apenas adicionar margem de lucro. Essa é uma forma ineficaz para definir preço. Pense naquilo que o cliente está disposto a pagar (preço aceitável por mercado e por cliente), e depois defina quais custos sua empresa pode ter. Às vezes, o cliente está disposto a pagar bem mais porque, independentemente dos seus custos, ele está interessado muito mais nele mesmo e nas coisas que para ele valem mais. Ou seja, preço não função de custo, mas sim de valor segundo o ponto de vista do cliente".
  • Praça: o ponto ou espaços nas gôndolas são as dificuldades enfrentadas pelos fabricantes, pois isso custa muito para aqueles que não possuem marcas fortes e sem poder de negociação com o varejo. O autor do livro agrega a esse "P" um "C" - conveniência. Para que empresas se adaptem mais a seus clientes, sendo mais flexíveis, como o e-commerce que atende 24 horas, prático e econômico de tempo.
  • Promoção: em termos publicitários, as empresas precisam ter: força (poder de investimento) e inteligência (poder de construir uma estratégia e mensagem).
Se a marca tiver capacidade de verba o peso da mensagem é menos importante. Basta anunciar que a marca aparece e destaca-se. Se a capacidade de verba for menos que os competidores, então são necessárias estratégias e mensagens diferenciadas. Mas é importante que não queiram imitar a propaganda das outras marcas - estão perdendo uma oportunidade de crescer, diferenciar-se e conquistar seu espaço.

Propaganda não é apenas divulgar, como era nos anos 40, 50 e 60. Nem diferenciar pela criatividade publicitária, como nos anos 70 e 80. O novo e maior objetivo é criar desejabilidade no consumidor e no canal (utilizando todas as informações e conceitos adequados ao contexto atual). Assim, criar valor para a marca e valor para o négocio -> 4Es.

O consumidor compra por 3 razões: funcionais (o cliente deseja um produto que faça algo por ele. A cola que cole. A propaganda, neste caso, não agrega valor, apenas anuncia o que o vendedor necessita. Não há muita oportunidade de aproximação ao cliente); emocionais (propaganda agrega valor em detrimento das outras. Então o cliente passa a preferir uma marca pela emoção e experiência) ou sociais (ela já tem um papel incrivelmente valioso, pois está criando pressão de demanda e criando condições para venda em preços mais altos = margem e lucros expressivos para o fabricante).

O autor do livro comenta que "C" desse "P" é de comunicação, o cliente quando se expressa é algo que deve valer como uma informação de altíssimo valor para as empresas, e essas devem fazer com que o consumidor se expresse.

Conheça os 4Es

Agora os conceitos refeitos tem função de tornar tudo mais prático. Para demonstrar foi usado com representação um desenho similar a um alvo.

1º círculo/central: círculo dos finalidades do marketing e do branding - venda (prazo curto e reconhecimento imediato) e o valor (prazo longo, brand equity, atribuído pelo cliente, atratividade para mais vendas).

2º círculo maior: das tarefas do marketing e de branding - os 4Ps, gerência.

3º círculo: os 4Es (entusiasmar funcionários, encantar clientes, enlouquecer concorrentes, enriquecer a todos)


Os 4E's são os responsáveis por está função, do "terceiro círculo": criar visão, significado, valor (executado pela comunicação) e programadas para os 4 Ps.

1º E: Entusiasmar funcionários
Relacionado aos conceitos de endomarketing
- treinamento e incentivo da equipe de profissionais;
- comunicação interna, desde o simples jornalzinho interno até programas de ambientação, celebração e intranet;
- se estão harmonizados com a filosofia da empresa ou no atendimento fidelizado.

2º E: Encantar clientes finais e intermediários - a segunda responsabilidade do marketing e branding
Os clientes que tem a sua empresa, produto ou serviço.
- focar e escolher o público, pois não é possível encantar todos.
Os clientes finais (físicos ou jurídicos) se estão insatisfeitos apenas mudam de marca.
Os clientes intermediários precisam obter lucros, premiações, recompensas, crédito, etc... Para eles há uma área especializada de relacionamento, o trade marketing.
Bom produto + bom preço + excelente propaganda = desejabilidade do cliente por seu produto.

3º E: Enlouquecer os concorrentes
A concorrência é um dos motivos para visar crescer e atualizar seus produtos e serviços. Se seu produto estiver perdendo mercado crie um concorrente, melhor e mais barato - antes que a concorrência faça isso.
Monitorar os concorrentes e se eles tiverem enlouquecidos é porque sua marca atingiu um marketing e branding expressivos.

4º E: Enriquecer a todos
Os diretores devem enriquecer os acionistas e os funcionários, com os bons resultados. Devem também enriquecer os clientes, com algo valioso. E, por fim, enriquecer a sociedade entregando valor e inovação e pagando tributos justos.

Branding e Marketing são dois conceitos que se fundem na visão interna e a visão externa.

Esse conceito reformulado para um novo contexto abrange o que se sabe de marketing com o que o mercado pede - gerência interna e atenção ao ambiente externo. Já que vários produtos são similares pelo mundo, o que os diferencia é a própria originalidade, identidade da empresa/marca, a atenção dada ao pública alvo e percepção das tendências.

Para criar novas marcas é preciso criar uma nova categoria na mente das pessoas.
Exemplos: Kodak: papel - antigo | Sony: eletrônico - novo

Portanto, volume publicitário e pontos de distribuição são algumas das formas possíveis de conquistar espaço na mente das pessoas.

Fonte das informações: Os 4 Es de Marketing e Branding - Robert F. Lauterborn, Augusto Nascimento

ANOS 90 E SÉCULO XXI - Os 4 Es de Marketing e Branding

Nesta postagem conhecemos alguns fatores determinantes para o crescimento do marketing no século XX e alguns cases, nesta postagem informações sobre os anos 50, 60 e 70, e nesta conceitos e informações sobre os anos 80.

Com a Era da Informação, surgiram novos conceitos e outros foram reformulados.

Na Era da Informação alguns conhecimentos centenários voltaram a ser ativados. Como o Marketing Direto feito na venda por catálogos e o R.F.M. (Recência, Frequência e Valor) praticado pelas empresas de catálogos. Mas nessa época, o marketing direto funcionou pela presença de banco de dados nos computadores. Esse tipo de marketing recebeu o nome de maximarketing (pelo preconceito ao correio em 1800).

Stan Rapp e Tom Collins lançaram um livro sobre a recontextualização do marketing direto - Falando em propaganda como pré-venda, a venda, pós-venda na própria compra e o registro do processo e das informações em um banco de dados.

Brand Equity: valor econômico da marca

Com essa nova visão do valor da marca, aconteceram muitas fusões entre gigantescas marcas, elas acreditavam que assim poderiam crescer, pois anulavam um concorrente e ainda conquistava mais mercado. As empresas procuravam outras empresas com marcas fortes. Junto a essas aquisições davam mais importância ao planejamento estratégico - missão da marca, visão e valores - os estrategistas de marketing e também algumas agências de propaganda. Assim, nasceu o termo branding que se desenvolveu nos anos 90.

Com a Era da Informação e o rebaixamento do valor das fábricas e indústrias, a Nike não tinha fábrica própria, ficou em criar um modelo de marketing baseado no patrocínio de atletas, controle no design ou P&D dos produtos, a distribuição, a publicidade e as relações públicas. Assim a Nike lançou o licenciamento de usar artistas e personagens animados em sua marca - aproveitando o reconhecimento já conquistado. Mas isso é como engordar a vaca do vizinho ou fazer publicidade 0800 para aqueles que está servindo de modelo.

Dois livros são lançados no reflexo da tamanha competitividade atual: Estratégia Competitiva e Vantagem Competitiva, de Michel e Porter. Ele declara dois caminhos para a vantagem: liderança por custo e liderança por diferenciação.

Os varejistas passaram a ter produtos com marca própria e super poderosos pelo grande volume. Muitos se tornaram varejistas por falir suas lojas de departamento que não tinha mais giro e as empresas por perder seus canais de distribuição. Mas também surgiram muitas lojas com o nome da marca do produto. 
Portanto o conceito final dos anos 80 era focar em produto ou cliente ou marca.

Produto: oferta e diferencial.
Cliente: melhoria contínua de atendimento e administrar o relacionamento com ele com a tecnologia dos bancos de dados.
Marca: construção, qualquer produto seria passageiro enquanto a marca seria definitiva.

O crescimento do branding

1. O cliente em primeiro lugar
2. CRM ou cliente cadastrado
3. valor da marca.

Esses três fatores foram inovadores nesses anos. Já que, pela primeira vez, tinha-se uma visão de fora pra dentro, o oposto dos 4P's ou o mix de marketing. 
Tendo assim uma comunicação bilateral, importância ao serviço e ao encanto que o cliente deveria ter em um atendimento - A Era do Serviço.

Centenas de livros foram escritos sobre o tema: "Encantar o cliente que ocupa sempre o primeiro lugar." Aparentemente, todos inspirados em Deming e Juran, os magos da qualidade mundial.

Nessa Era, haviam muitos concorrentes e pouca renda, portanto foi necessário agregar serviços ou até mesmo transformar commodities em produtos que tenham valor agregado de marca. Por exemplo, a água.

O marketing direto teve outra retomada se tornando one-to-one. Onde para cada tipo de cliente havia um tratamento específico e agora todos os dados mais digitalizados.

Peppers e Rogers apontavam uma metodologia para exercer os 4C's (clientes, custo, conveniência e comunicação). Porém os técnicos em T.I. não tinham base para o marketing. E ainda não visavam o mercado, apenas sobreviviam.

Espaço para as marcas

Uma vasta quantidade de livros foram escritos sobre o valor das marcas - brand equity. Os estudos da época comprovaram que o mercado estava esgotado e construir uma marca nova não traria de volta o que seria investido.

Marcas líderes: 12% sobre as vendas;
Marcas que ocupam o 2º lugar: 8%
Marcas que ocupam o 3º lugar: 4%

Portanto as marcas líderes teriam 1/3 a mais de rentabilidade sobre as marcas vice-líderes e 2/3 a mais em relação às marcas do 3º lugar.

Assessorias e consultorias afirmavam que quem assumia o ranking das marcas era a Coca-Cola, a GM, a Microsoft e o Mc Donald's.

A BBN percebeu que as agências publicitárias e multinacionais criavam propagandas genéricas que serviam para diversas marcas de um segmento. Portanto, criou métodos para encontrar ou criar diferenciais, assim cada cliente recebia propaganda tão singulador quanto sua identidade. Isso foi chamado de brandversiting, e o modelo de criação foi chamado de propaganda competitiva ou propaganda competitiva.

Transição da propaganda comum...

ABBN (Business, Branding, Network) trabalhava com duas linhas de pensamento para sua consultoria: planejamento estratégico e seu plano anual de vendas.

No fim, concluía-se a formatação de um guia de gerenciamento da marca (branding guide). Toda a implantação de brandvertising propunha propaganda da marca para dentro (pessoal interno e trade) e propaganda da marca para fora (consumidor ou mercado).

Portanto, a BBN objetivou não só fazer propaganda e marketing, e sim branding, e isso pedia o comprometimento de todos da empresa.

Posts relacionados ao livro Os 4 Es de Marketing e Branding

Fonte das informações: Os 4 Es de Marketing e Branding - Robert F. Lauterborn, Augusto Nascimento

ANOS 80 - Os 4 Es de Marketing e Branding

Nesta postagem conhecemos alguns fatores determinantes para o crescimento do marketing no século XX e alguns cases, e nesta postagem informações sobre os anos 50, 60 e 70. A seguir seguem alguns conceitos e informações sobre os anos 80.

O conceito de marketing de produto começou a envelhecer nos anos 80. Ogilvy afirma: "Cada anúncio é um investimento na imagem da marca, a longo prazo". Neste período, publicitários e marketeiros passaram a cuidar com mais intensidade da imagem de marcas.

Nesta etapa da história, existiam duas linhas de pensamento e de posicionamento: uma que rezava um único produto por marca e a oposta, que rezava uma extensão de produtos com o mesmo significado.

Hoje sabemos que os produtos e serviços quando proporcionam uma experiência marcam mais. Como a Coca-Cola que transmite em sua mensagem e experiências a felicidade, seja bebendo a sua bebida ou comprando uma vestimenta, a essência e o significado são os mesmos.

Richers lançou o conceito dos 4A's: análise, adaptação, ativação e avaliação. Um conceito ainda centrado no produto, porém mais atualizado. Richers era brasileiro e foi visto como assassino de algo sagrado para americanos, os 4P's. Nem no Brasil os 4A's foram adotados, pois os próprios brasileiros eram míopes para inovações e desacreditavam que alguém do submundo, seria capaz de superar os idolatrados americanos.

Nos anos 80, a Pepsi ganhou mercado. A Coca-Cola conquistava tudo em dobro: pontos-de-venda, investimento em publicidade, comandava a distribuição. Para isso, a Pepsi lançou uma propaganda mostrando que os consumidores preferiam o seu produto. A Coca-Cola concluiu que precisava fazer uma pesquisa de mercado para analisar se o problema era mesmo no produto, já que o restante parecia bem. Gastaram US$ 4 milhões em um teste cego, com a Pepsi, a Coca-Cola e uma cola mais doce (parecida com a Pepsi).

A preferência foi no sabor mais doce. New Coke estava lançada, anulando e substituindo a Coca-Cola tradicional. O que fez com que clientes fizessem passeatas, ligassem pedindo a tradicional Coca-Cola e afins. Coca-Cola Classic estava lançada.

Os 80's era uma geração de inovação, o que a Pepsi percebeu muito bem e a Coca-Cola precisou rever seu posicionamento sobre a cultura da marca. A Pespsi usava Michael Jackson que estava fazendo sucesso com a massa, enquanto a Coca-Cola usava Júlio Iglesias. Assim, a Coca-Cola teve certeza e percepção do que representava a experiência que proporcionava, lançando mais adiante diversos produtos ligados na mesa simbologia.

A Coca conseguiu retomar com seu espaço por ser mais forte nesses pontos: tradição, distribuição, alianças mais fortes com engarrafadores e outros itens.

O novo presidente Roberto Goizueta percebeu uma tendência: a Coca tinha pouca importância entre os líquidos bebidos na vida das pessoas; antes da Coca havia o café, o leite, a água e o chá.

Posts relacionados ao livro Os 4 Es de Marketing e Branding
A comunicação no século XX
Anos 50, 60 e 70
Anos 80
Crescimento do branding e os 4 Es

Fonte das informações: Os 4 Es de Marketing e Branding - Robert F. Lauterborn, Augusto Nascimento

ANOS 50, 60 E 70 - Os 4 Es de Marketing e Branding

Nesta postagem conhecemos alguns fatores determinantes para o crescimento do marketing no século XX e alguns cases. A seguir seguem alguns conceitos e informações sobre os anos 50, 60 e 70.

Nos anos 50, 60 e 70 surgiram os escritores, defensores e teorizadores quanto a gestão de marketing. Depois de Peter Ducker e Eugene Jerome, MC Carthy definiu o conceito. Criou os 4P's (produto, preço, praça e promoção). Após Philip Kother lançou "Administração de Marketing, análise, planejamento e controle" - aprofundando os 4P's, tanto que é confundido como o criador deles.
  • Peter Ducker: "O sucesso de uma empresa é determinado pelo lado de fora da empresa, é quem de fato define qual é o negócio de uma empresa e não as suas decisões internas"
  • 1963: David Ogilvy lançou o livro "Confissões de um publicitário", criou regras simples para sistematizar o processo de realizar uma propaganda
  • 1969: Al Ries e Jack Trout: termo posicionamento
  • 1972: A Era do Posicionamento
  • 1973: Peter Ducker: "Administração - tarefas, responsabilidades e práticas"

Novas ideias, Novos Hábitos e conhecimento

Você diz que você quer uma revolução
Bem, você sabe..
Todos nós queremos mudar o mundo
Você me diz que isso é uma evolução
Bem, você sabe
Todos nós queremos mudar o mundo
Mas quando você fala em destruição,
Você não sabe que pode contar comigo?
Você não sabe que vai acabar tudo bem?
Tudo bem.. tudo bem... 

(The Beatles - Revolution)

Este trecho expressa a época de novas ideias e novos hábitos, revolução juvenil, livros, teorias, mudanças sociais de impacto gigantesco - 50, 60 e 70's...

O desejo das mulheres de sair de casa para trabalhar e ter sua vida abriu um leque de necessidades para serem supridas dentro do lar - já que a pessoa que exercia e controlava tudo estava menos presente. Mc Donald's e fast-food nasceram no varejo para suprir a necessidade de se alimentar.

1ª metade do séc XX: produtos industrializados
2ª metade do séc XX: varejistas e os prestadores de serviço

Posicionamento

O posicionamento para Al Ries e Jack Trout era algo que direcionava e fixava uma ideia na mente dos consumidores sobre uma marca, para isso utilizaram a propaganda de alto impacto. Afirmaram que uma marca não podia significar muitas coisas e itens, apenas um; e assim conquistar um lugar único em seu segmento do produto. Os opositores continuaram tendo uma linha extensiva, indo além de um produto.

O termo posicionamento poderia ser usado como uma estratégia, não só na comunicação. É equívoco afirmar que se pode anunciar algo apenas para posicionar e ser falso; se deve posicionar a marca em relação aos seus competidores. Isto porque se a concorrência mudar sua posição, a sua empresa pode sofrer modificações - competitividade.

Nos anos 70, normas e regras para o design da marca e padronização de identidade corporativa começaram a ser criadas.

Ainda há marcas que são gerenciadas por pessoas que não estão abertos para a inovação - normas: Corporate Design.

Theodore Levitt publicou na época: "Miopia em Marketing", mostrando que as empresas visavam apenas o produto o mercado/necessidade dos clientes. Vendo negócio de dentro pra fora e não de fora pra dentro.

Posts relacionados ao livro Os 4 Es de Marketing e Branding
Crescimento do branding e os 4 Es

Fonte das informações: Os 4 Es de Marketing e Branding - Robert F. Lauterborn, Augusto Nascimento

SÉCULO XX - Os 4 Es de Marketing e Branding

Século XX: o século do Marketing, da Propaganda e o nascimento do atual conceito de branding.

Alguns fatores determinantes:
  • De 1900 a 1950, a Europa tinha uma realidade de baixa mobilidade social, portanto cidadãos começaram a vir empreender na América, tornando-a o maior mercado de consumo.
  • Início da exploração de técnicas de estudo de mercado.
  • Invenção do Ford T, o primeiro carro destinado ao público de massa.
  • Um novo segmento de mercado surgia: a classe média/massa. Adaptou-se o método de fabricação de produtos para esse público; os trabalhos artesanais foram substituídos por métodos já utilizados pela Sears.
Com a 1ª Guerra Mundial, o comércio americano se expandiu pela Europa. A concorrência que fabricantes encontraram despertou a invenção de marcas-fantasias. Mais tarde perceberam a relação entre fabricar e comercializar - gerenciando o produto (planejando e desenvolvendo o produto), cuidados como: território de venda, seleção de agência e aprovação da propaganda e promoção, estudo e melhoria das embalagens, merchandising foram explorados. Táticas utilizadas nos anos 30 e 40, foram relatadas em livros que se basearam nesses casos. Assim, livros e teses foram escritas em cima de muita tática.
P&G e GM foram as primeiras empresas a implantar esse sistema.


A comunicação do século XX

Após o início da utilização de marcas-fantasias, passou-se a utilizar o rádio como agente propaganda. Na época, atingia a massa e toda a família (superava o jornal que era acessível apenas para alfabetizados). Com isso, surgiram os primeiros jingles.

Logo os cinemas levaram produtos de bebidas e cigarro para o mundo inteiro. Após, os desenhos animados e os personagens-marcas. Exemplos: Disney e comerciais gravados ou ao vivo.


O reflexo da 2ª Guerra Mundial na comunicação do século XX

O período da 2ª Guerra Mundial fez com que os EUA (um dos envolvidos na Guerra) se especializasse em produtos e recebesse a estudos inteligentes e dinheiro da Europa. Após a 2ª G.M., EUA e Europa passaram a produzir produtos e conheceram o que é a concorrência. Portanto, passaram estudar o mercado, procurar por garantias de quantificação - estratégias mais baratas e menos arriscadas.

Assim, surgiu a palavra marketing, com a avaliação do cenário empresarial + criação de modelo de gerência do produto. Comerciantes procuraram estabelecer uma rede/gama de produtos que fabricavam, substituindo o centro de produção de um lado e vendas do outro.

Até o passar da metade do século XX praticar o marketing era necessário, era apenas um diferencial que impulsionava as vendas, mesmo que se não fizesse atingiria a massa produzindo com qualidade e consequentemente seria reconhecido por isso.

O case Ford x GM e o marketing moderno do século XX

Com a união de pequenos fabricantes de carros formou-se a GM para combater a Ford - que insistia em vender apenas carros pretos para economizar. A GM fez diferente: encantou os já enjoados do preto com as cores: vermelha para os bombeiros, branco para as ambulâncias e demais cores para os carros da massa.
Ford x GM = 1º episódio do Marketing Moderno.

Logo, as fábricas supriram a necessidade dos imóveis e perceberam novos segmentos, criando características e definições para cada tipo/grupo/arquético de clientes. A primeira segmentação feita foi: duráveis, semi-duráveis e os bens de conveniência.

Ducker foi CEO da GM e revolucionou a maneira de administrar. A General Motors apresentava um leque de marcas para os diferentes estágios da vida de cada consumidor - Conceito de LTV (lifetime value).

As duas seguintes invenções da Era Industrial foram os shoppings e os supermercados. Trazendo mais importância para as embalagens, PDV's e merchandising.
Fonte das informações: Os 4 Es de Marketing e Branding - Robert F. Lauterborn, Augusto Nascimento

sábado, 7 de setembro de 2013

A influência das cores na identidade visual de marcas

Muitos estudos argumentam sobre a importância e a influência das cores perante a construção de uma marca e sua aplicação em seus produtos, publicidade, etc.

A Kissmetrics criou um infográfico revelando alguns meios diferentes no processo de persuasão para a venda de produtos. Disponibilizo algumas partes dele aqui com alguns comentários e exemplos. O material pode ser visualizado na íntegra através deste link.

A importância das cores para o trabalho de Marketing e Branding:


O que cada cor transmite:


Cor x Tipo de comprador que atrai x Tipo de loja:


Com base nessas informações, vamos a alguns exemplos que tem a cor vermelha como predominância na marca.
Lembrando que a cor vermelha transmite uma energia que aumenta a frequência cardíaca e cria a sensação de urgência; é geralmente vista em liquidações, marcas de fast food, lojas de outlet. Os consumidores impulsivos tornam-se o alvo da publicidade dessas marcas.







Algumas marcas também utilizam a combinação de duas ou mais cores. O amarelo completando o vermelho é uma combinação com variação de tons. O contrário acontece com o Banco Itaú, por exemplo, que explora as cores azul e laranja. Essas que comunicam diferentes mensagens - o azul, a sensação de confiança e segurança, normalmente utilizada por bancos, empresas e lojas de departamento; e o laranja que impulsiona uma chamada agressiva e bastante marcante.




domingo, 7 de julho de 2013

O Marketing da Nova Geração: Como competir em um mundo globalizado e interconectado [anotações]

Livro que recentemente li e, com a força do hábito, registrei algumas anotações. Parte delas estão aqui para serem compartilhadas com quem já leu ou para quem ainda não conhece o autor, o assunto ou o livro.


Possíveis causas das mudanças da comunicação:
1. A circulação rápida da informação (empresas podem dar retornos mais rápidos, aprofundar informações das embalagens, consumidor/clientes trocando informações com a marca e entre eles)
2. A maior organização da sociedade (Conar, CDC, consumidor tem autonomia)
3. Pessoas falando umas com as outras (por bem ou por mal)

Atuação da empresa nas diferentes dimensões: 
- como organização: cumprindo as leis, respeitando os costumes, o meio ambiente e a cultura
- como produtora: fabricando produtos segundo os mais exigentes padrões de qualidade;
- como marca: integrando-se à cultura e patrocinando relações construtivas com todos os segmentos da sociedade.
Página 6

"De um modo geral, cada integrante dessas organizações, por sua vez, tem ou pode ter também a sua rede, o que aumenta substancialmente a capacidade individual de disseminação de fatos, opiniões e notícias e sugere que repensemos tanto a relação dessas pessoas com os meios de comunicação quanto com as marcas e corporações."
Página 7

No final do século XX, o relacionamento entre pessoa física e as marcas se estreitou com o intermédio da tecnologia. Organização social. Responsabilidade social. Empresa cidadã. Agora, no século XXI isso já está desgastado e novas oportunidades precisam ser examinadas para desatar os nós dessa grande rede.
Páginas 10-11 

Resumo das características sobre os meios mais influentes
Rádio
Data: nos anos 30, 40 e início dos anos 50.
Abrangência territorial: nacional, pela maioria ser analfabeta e os outros meios de comunicações existentes serem restritos a leitura. Meio de comunicação instantânea. Jornal, revista e cinema eram complementares. Revista era o único meio impresso que não era local, por trabalhar com conteúdos no lugar de notícias do cotidiano.
Comportamento: famílias se reuniam para escutar. Primeiro meio de comunicação individual, após a chegada do transistor e da televisão.
Ações de Marketing: marcas usavam para ensinar como utilizar e usufruir produtos e serviços novos para a época, como colírios.

Televisão
Data: no início dos anos 50.
Abrangência territorial: Não podia competir com o rádio, mas tinha posição privilegiada na sala de visitas.
Comportamento: alcançar facilmente a emoção das pessoas com a união do som e a imagem.
Ações de Marketing: agências de propaganda e publicidade participavam ativamente da criação e da produção de certos programas, como as novelas, por exemplo.

Internet
Data: desde o surgimento da televisão até 40 anos depois, no final dos anos 80 nada foi criado de tão impactante.
Abrangência territorial: convergência + fragmentação + combinação em território mundial dos demais meios.
Comportamento: conectividade, transmissão, e-commerce, informação instantânea, plataformas multimídias... Consumidores transformaram-se em produtores de conteúdo e emissão de mensagens.
Nesse contexto, as pessoas se surpreendem menos, não precisam mais parar para ouvir, ler e conhecer. Criam e recriam suas rotinas com a facilidade da tecnologia e da web.
Ações de Marketing: comunicação bilateral, relacionamento on/off, ações digitais e de interatividade, gerenciamento do conteúdo por parte das marcas, monitoramento de buzz gerado por seus consumidores...
“Não se trata mais de falar para as pessoas, pensando nelas como plateia ou audiência. É absolutamente necessário realizar negócios dentro da lei, é claro. Mas também segundo códigos – cada vez mais estreitos – de cidadania, inclusão social e respeito ao meio ambiente e à diversidade de opiniões e estilos de vida” Página 58

Referência das anotações: CASTELAR, Mario. O marketing da nova geração: como competir em um mundo globalizado e interconectado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. ISBN: 978-85-352-2564-8 | E-book

Vídeo sobre liberdade, comunicação e política para complementar o assunto: Confira: Levante sua voz.
É extenso, mas vale o esforço. Mesmo sem citar a internet, o vídeo que é de 3 anos atrás cabe bem nas discussões atuais sobre as emissoras.

sábado, 1 de junho de 2013

A vida das imagens ou cinema mudo (Relatório de palestra)


A Semana da Imagem aconteceu entre os dias 20 e 23 de maio e contou com a participação de profissionais da comunicação, professores e acadêmicos dos Cursos de Comunicação Social da Unisinos. O objetivo das atividades propostas foi discutir questões de imagens visuais, sonoras, adiovisuais e textuais. Nesta edição, o tema da semana é “Para entender as imagens: como ver o que nos olha?”.

A última atividade da Semana, no dia 23 de maio, aconteceu com Ivana Bentes - professora e pesquisadora da Escola de Comunicação da UFRJ para palestrar sobre “A vida das imagens ou cinema mudo”. A seguir, alguns comentários sobre os principais tópicos abordados por Ivana.

A comunicação por imagens estimula a exploração da relação entre dados e a visualização facilitada, como os infográficos que não param de surgir e viralizar por todas as mídias. Peças publicitárias de produtos e serviços com maior complexidade de comunicar suas vantagens já aderiram a inserção de infográficos para argumentar e exemplificar seus benefícios.

A internet é o banco universal de imagens, onde acontece a circulação e o compartilhamento descontrolado de imagens produzidas por anônimos, jornais, agências, profissionais, etc. Usuários possuem autonomia e liberdade para adotar a imagem e com o auxílio de um novo título, uma nova descrição ou a simples publicação em um veículo com forte posicionamento, dá-se um novo sentido à imagem. Sem créditos, sem conhecimento da autoria e do objetivo, a imagem criada, serve ao usuário que faz seu compartilhamento como um acessório para expor seus sentimentos, suas crenças e seu conhecimento do senso comum ou científico.

A comunicação feita por profissionais não acontece sem mais uma ilustração, se a notícia demora menos de uma fração de segundo pra percorrer o mundo, o jornalista conta com a disponibilidade da sociedade para receber imagens do fato da notícia. Essas imagens normalmente capturadas por dispositivos, celulares, tablets e afins e, em seguida, publicadas na internet ou encaminhadas aos veículos de comunicação.

Viajar pelo mundo pode ser fácil, barato e prático. Acessando softwares disponibilizados pelo Google, por exemplo, é possível usufruir da exibição e interação com imagens dos principais pontos turísticos, ruas e locais de todo o Planeta. Outros programas, plataformas e softwares servem como uma memória virtual para as imagens produzidas durante o cotidiano.

A palestra pode ser assistida na íntegra, através do link: http://new.livestream.com/tcav/semanadaimagem
Mais sobre a XI Semana da Imagem: J.U Online
Referências de infográficos: Pinfographics | Zero Hora | Veja | Exame | Mundo do Marketing

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Buzz: a chave de tudo é a autenticidade!

Alguns assuntos já protagonizaram o Top Trends do Twitter, comentários e compartilhamentos no Facebook, temas para Tumblr e afins em 2013. Desde assuntos mais pertinentes, como a tragédia em Santa Maria até a estreia de Gugu Liberato no Instagram. 

Existe uma infinidade de razões que explica o que torna um fato ou uma personagem em viral ou protagonista de um buzz por curto, médio ou longo prazos. O conceito a seguir pode explicar: 

“O buzz existe desde que as pessoas começaram a partilhar ideias. Trata-se do efeito boca a boca, da transferência de informação pelas redes sociais. Pode acontecer espontaneamente, sem o estímulo do homem de marketing ou de outra pessoa qualquer. [...] A chave de tudo é a autenticidade!” (O'REILLY, A.; MATATHIA, I. SALZMAN M. 2011. p. 8.) 

Alguns parâmetros me assustam, a foto postada por Gugu no dia 24/01 alcançou um buzz intenso e foi parar no Top Trends internacional do Twitter e sua conta conquistou mais de 2,7 mil seguidores, na mesma tarde. 

"A pedidos (3, no máximo), uma foto mais descontraída" - legenda da foto no Instagram
A tragédia em Santa Maria foi assunto por mais de cinco dias seguidos no Twitter e Facebook. Se no caso da foto do Gugu os comentários eram piadistas, o contrário aconteceu por maioria em relação à tragédia. Comunidades e fóruns organizados por internautas foram criados para mobilizar pessoas em prol da causa de prestar auxílio aos parentes e envolvidos. 

A entrevista de Silas Malafaia aconteceu na noite de domingo (03/02), durante o programa De Frente com Gabi, e até o momento da postagem (06/02) ainda é protagonista de muitos e muitos comentários nas redes sociais. Malafaia é um dos pastores mais ricos do Brasil, líder de Igreja Evangélica, combate a homossexualidade e o aborto. A autenticidade da entrevista e da opinião de Silas gerou um debate entre aqueles que são favor e aqueles que discordam através dos meios sociais. O Twitter, Facebook e o Tumblr, por exemplo, foram as redes que mais popularizaram o debate. No Twitter e Facebook facilmente encontra-se postagens e links de blogs apoiando ou contrariando as afirmações do pastor, no Tumblr um dos perfis criados dissemina os dados contraditórios trazidos por Silas. 

Além das manifestações linkando o vídeo da entrevista, o Doutorando em genética Eli Vieira postou um vídeo resposta com argumentos científicos que confrontam os dados que o pastor trouxe na entrevista: 

Vídeo da entrevista com Maria Gabriela

Vídeo de resposta do cientista Eli Vieira

Registros de Tweets debatendo sobre o assunto

Silas Mafalaia no Top Trends do Twitter (BR) entre os dias 03 e 06/02

Sequência de Tweets apoiando e confrontando as opiniões de Malafaia

Postagens de Silas Malafaia no perfil oficial no Twitter
Prints realizados no dia 05/02, às 17 horas 

O caso de Malafaia é um exemplo do que acontece na vida offline e acaba sendo ilustrado e discutido na rede onnline, atingindo milhões de usuários em questão de momentos por horas ou dias. O inusitado acaba tomando proporções imensuráveis, enquanto que o espontâneo conquista o que marcas investem milhões para atingir seu público com anúncios ou comerciais virais. Em alguns casos até conseguem, ou quando realmente existiu uma pesquisa e uma estratégia ou quando o analista de mídia social publicou postagens ofensivas aos seguidores dos perfis e o efeito foi o contrário...

Diversos blogs que apoiam a causa homossexual ou a religião pregada por Silas opinaram sobre a entrevista e o posicionamento do pastor. Até o VJ da MTV PC Siqueira, dando mais repercussão ao assunto:
Alguns dos comentários: "não vi a entrevista, todos estão falando, vou assistir..." - esse é o sentido.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Seria obra uma arte sem artista?

Empresas, organizações, ONGs, produtos e serviços são meras coisas sem valor e com preço. Mas estão por que paga-se mais, fala-se bem e se reconhece o tênis da Converse e valoriza-se o prego da Gerdau?! Existiu um tempo em que água era simplesmente água, arte era simplesmente arte e reconhecida como tal apenas quando o artista era o indivíduo que possuía um talento e esse era reconhecido ou julgado pela sociedade. Alguns fatores de valorização, distinção e concorrência propuseram mudanças, os apreciadores, espectadores, clientes e marcas mudaram.

A sociedade desde seu princípio foi constituída por um povo e sua cultura, sendo fragmentada em segmentos sociais, níveis hierárquicos e funcionalidades. Cada território ou campo social habitua disputas por poder, o objeto ou símbolo representativo dessa luta integram à educação de geração em geração, conforme Denys Cuche (2002). As crianças são educadas com valores e direcionamentos perante cultura e hábitos que constituem a sociedade e a sua família, o principal capital por qual ela terá que batalhar é predestinado em sua infância – nas Zonas Urbanas do Brasil, provavelmente, o principal capital seja o real, já nas aldeias indígenas o capital que distingue cada segmento social de sua cultura provavelmente seja o acúmulo de alimentos ou a quantia de caça. 

No campo artístico a distinção acontece por meio do prestígio que um artista possui perante aos seus pares – outros artistas que integram a mesma categoria e têm competência cultural semelhante. Os artistas que adquirem mais prestígio são reconhecidos proporcionalmente como dominantes de seu campo, enquanto os que somam menos prestígio são reconhecidos proporcionalmente como dominados. Portanto, o jogo de dominantes contra dominados é a disputa que ocorre no campo artístico, porém não são apenas os demais artistas que realizam esse reconhecimento... 

Pierre Bourdie
Os espectadores também possuem o poder de nomear o prestígio que sentem perante um artista e, quando essa nomeação acontece pela maioria da categoria de atuação da arte, o artista adquire o prestígio de seu público. A partir desse momento, o artista tem o poder de influenciar gostos e afinidades posicionando novos artistas, emprestando a sua marca e sua imagem, agregando o valor que possuem ao novato. A cultura de massa enfrenta o gosto cultural como um produto e fruto de um processo educativo, ambientado na família e na escola e não fruto de uma sensibilidade inata dos agentes sociais, conforme as ideias de Bourdieu citadas no Dossiê Pierre Bourdie da Cult, Edição 128 (2008). 

O prestígio, o real, a marca, o gosto, as afinidades e tantos outros fatores que constituem a personalidade e comportamento de um indivíduo quando expostos ao pequeno e/ou grande grupo, fornecem subsídios para sua primeira impressão. Dentre os espectadores das artes, a identificação que se faz perante aos artistas, também condiz ao seu nível de competência cultural. Bordieu citava que um indivíduo diferencia-se pela relação classe social X gosto artístico – quanto mais alta a classe social, mais competência cultural - ou por uma distinção cultural – formada por tais fatores de distinção: apresentação pessoal, alimentação e consumo cultural

"O conjunto desses capitais seria compreendido a partir de um sistema de disposições de cultura (nas suas dimensões material, simbólica e cultural, entre outros), denominado por ele de HABITUS". (CULT; 2008; p. 48) 

Artistas eram meros artistas, como a água era meramente líquido, sem marca ou identificação. Informação, diferenciação e concorrência estimulam a evolução e a construção de marcas, com a finalidade de estar presente continuamente na mente se um respectivo público alvo. Os artistas contemporâneos tratam de suas obras como mercadorias, formam equipes, ateliers, estúdios e contratam profissionais para executar o que um determinado planejamento objetiva, segundo Gisele Kato na Edição 170 da Bravo! (2011). 

Bastava-se ter muito talento e pouco estudo para elaborar uma obra de arte, hoje são necessários profundo estudo, técnica e pesquisa, devido ao acesso às informações e conhecimento facilitado que a grande massa possui para avaliar e criticar. Portanto, a mesma relação que se cria entre um indivíduo e as obras de arte que admira, também se faz presente quando marcas associam artistas e/ ou obras ao seu posicionamento, com a finalidade de moldar seu posicionamento e aproximar-se de seu público alvo.

____________________________________________________________

Texto produzido para a aula de Comunicação e Arte - Semestre II do Curso de Comunicação Social da Unisinos.